Preparação de Solução de Lycopodium clavatum na Potência de CH9
Introdução
Segundo a OMS, saúde é “um
estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social e não
apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Desde a Assembleia Mundial de
Saúde de 1983, a inclusão de uma dimensão “não material” ou “espiritual” de
saúde vem sendo discutida extensamente, a ponto de haver uma proposta para se
modificar o conceito clássico de “saúde” da Organização Mundial de Saúde para
“um estado dinâmico de completo bem estar físico, mental, espiritual e social e
não meramente a ausência de doença”.
(WHO/MAS/MHP/98.2.15)
A medicina complementar e
alternativa é definida como uma terapêutica não alopática, não convencional,
holística ou natural. O Cochrane Colaboration define a MCA como “um grande
conjunto de recursos curativos que engloba todos os sistemas de saúde,
modalidades práticas e suas teorias e credos, outras que não intrínsecas ao
sistema de saúde politicamente dominante, em uma sociedade particular ou
cultura em um período histórico definido (IAPO, 2010). São diversos os modelos
terapêuticos complementares ou alternativos entre os quais se inserem a
Homeopatia, a Naturopatia (no sentido da utilização de recursos naturais, como as
plantas medicinais), a Medicina Antroposófica, a Medicina Tradicional Chinesa,
a Acupuntura, a Homotoxicologia, etc. Alguns desses modelos terapêuticos têm em
comum a ênfase no doente como um todo, mais do que na doença propriamente, sem,
no entanto, ignorá-la.
Na Homeopatia, considera-se a
doença como a expressão de um desequilíbrio, que se manifesta na região mais
suscetível, pela predisposição do organismo. Considera-se que este
desequilíbrio não é apenas físico e, por isso, a homeopatia busca rearticular a
esfera biológica aos campos diversos que constituem a existência humana.
Alinhando a subjetividade às suas práticas, aproxima-se do pensamento antropológico,
pois relaciona o adoecimento a uma multiplicidade de causas que não são fixas,
mas suscetíveis a mudanças.
Histórico
Antecessores da Homeopatia
Hipocrates:
I - Principio dos contrários
(Contraria contraria curantur): a terapêutica é dirigida contra o agente causal
e se sustenta no fundamento: desaparecida a causa, suprime-se o efeito. Pode
ser usada quando se conhece a causa da doença.
II - Lei da semelhança
(Similibus similia curantur): a cura deve proceder de forma semelhante
ao que ocorre na natureza,
sejam os semelhantes curados pelos semelhantes
III - Vix medicatrix: força de
cura natural, a defesa do organismo.
Galeno:
- Baseou sua terapêutica na
teoria dos contrários.
- Afirmava ser a doença um
desequilíbrio dos humores do organismo (sangue, bílis, pituita e astrabilis) e
que cabia à terapêutica restabelecê-lo.
- Desta forma de pensamento
terapêutico originaram-se práticas como as sangrias, as purgações e a
polifarmácia.
Paracelso:
-Estudo da natureza, a
individualização do doente, e a individualização do remédio (não só do
medicamento).
-A Lei das Assinaturas é o
pensamento que vê similitudes, por exemplo, entre uma planta medicinal e o
mal ou o órgão de que ela se destina a tratar. Segundo Paracelso, a planta
carrega a assinatura de sua função curativa.
-Exemplos: 1) Beladona - é
possível ver na baga negra e redonda da beladona a “assinatura” de uma pupila
dilatada sugerindo sua função de dilatar a pupila; 2) A planta que denominamos “pulmonária” e cuja infusão acalma a tosse tem
folhas em forma de pulmão de açougue; 3) a hepática tem uma folha em forma de
fígado; 4) o suco da grande celidônia utilizada para as perturbações das vias
biliares é amarela e amarga como a bílis.
Christian Friedrich Samuel Hahnemann:
Após traduzir um texto do Dr.
CULLEN sobre a Quina (droga usada contra a malária), Hahnemann discorda das
explicações fornecidas pelo autor e decide experimentar em si mesmo a
substância. Percebe, então, o surgimento de sintomas semelhantes aos da
malária, restabelecendo sua saúde ao parar de ingerir a droga. Formula a
hipótese de que a Quina promove melhora dos sintomas dos doentes com Malária
porque provoca, em pessoas saudáveis, sintomas semelhantes aos da Malária.
Hahnemann sabia que essa hipótese não era dele, Hipócrates e vários outros
autores já haviam sugerido que os semelhantes curam os semelhantes. Porém,
coube a Hahnemann a comprovação e a sistematização dessa lei de cura. Decide
experimentar, em diversas pessoas saudáveis, várias substâncias conhecidas pela
medicina da época. Os resultados dessas primeiras pesquisas foram publicados em
1796 num texto chamado de “Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as
virtudes curativas das substâncias medicinais, seguido de alguns comentários a
respeito dos princípios aceitos na época atual”. Esse texto marca o nascimento
do sistema médico que Hahnemann denominou Homeopatia (em alemão: homoopathie,
do grego: homoios- semelhante + pathos- sofrimento).
Leis da Homeopatia
1) Lei
dos semelhantes
2) Experimentação
no Homem são
3) Doses
mínimas e dinamizadas
4) Medicamento
Único
Lei dos semelhantes
Hahnemann retomou o princípio
da semelhança de Hipócrates (460 - 377 a.C.), quando realizou a primeira
experiência com quinino em si mesmo e sentiu que havia encontrado a resposta à
sua procura de uma arte de curar lógica e realmente eficaz e curativa. Realizou
suas experiências com metodologia científica, obtendo resultados que podem ser
reproduzidos quantas vezes se desejar.
Para melhor compreensão da
diferença entre o princípio dos semelhantes e o princípio dos contrários vamos
usar uma imagem criada pelo homeopata americano Dr. Herbert A. Roberts.
Imaginemos um trem, representando a enfermidade, que corre a uma determinada
velocidade. Para aniquilar essa enfermidade podemos enviar um trem em sentido
contrário (medicamento alopático), ou podemos modificá-la enviando um trem no
mesmo sentido (medicamento homeopático), mas numa velocidade maior e que, após
encontrá-lo, imprime ao conjunto uma nova velocidade. É assim que age o
medicamento homeopático: imprime à Energia Vital um padrão vibratório semelhante
e mais forte que o preexistente.
Pela Lei dos Semelhantes, as
substâncias existentes na natureza (de origem mineral, vegetal e animal) têm a
potencialidade de curar os mesmos sintomas que são capazes de produzir.
Exemplificando de uma maneira bem simples: se uma pessoa ingerir doses tóxicas
de uma substância chamada Arsenicum album, irá apresentar sintomas tais como
dores gástricas, vômitos e diarréia; se, por outro lado, dermos essa mesma
substância, preparada homeopaticamente, a um enfermo que apresenta dores
gástricas, vômitos e diarréia com características semelhantes àquelas causadas
pela substância em questão, obteremos como resultado a cura desses sintomas.
Experimentação do Homem são
As experimentações com
substâncias preparadas homeopaticamente, devem ser realizadas em homens sãos
para que possam ser usados para curar homens doentes. Por que em homens sãos e
não em animais? A doença se manifesta não só por sinais objetivos observáveis
pelos sentidos, mas também por sintomas e sensações subjetivas. Não seria
possível registrar completa e fielmente as sensações subjetivas de cães, ratos
ou gatos, pois estes não poderiam comunicá-los durante as experimentações.
Não existem dois seres humanos
exatamente iguais na saúde ou na doença; cada um tem sua individualidade, sua
impressão digital. Poderiam os animais assemelharem-se aos seres humanos mais
do que os próprios seres humanos entre si? Para tratamento dos animais ou das
plantas usamos os resultados das experimentações nos seres humanos, por
analogia de sintomas, até que sejam realizadas experimentações específicas para
cada espécie.
As experimentações são
realizadas pela administração de uma determinada substância a um grupo de
indivíduos (chamados de experimentadores), considerados saudáveis após passarem
por exames clínico e laboratorial, e que não sabem que substância estão
experimentando. Em cada experimentação, os sintomas físicos, mentais,
emocionais, as sensações e alterações no modo de ser e estar, de reagir e
interagir com o meio, que vão surgindo nos experimentadores, vão sendo
cuidadosamente anotados e, posteriormente, classificados e analisados, dando
origem ao que chamamos de Patogenesia.
Doses mínimas e dinamizadas
No início de suas
experiências, Hahnemann usava medicamentos diluídos, porém ainda contendo
matéria. Com o tempo foi percebendo que essas diluições ainda eram
suficientemente fortes para causarem, às vezes, sérias agravações quando os
medicamentos eram administrados aos pacientes. Devido a essas reações indesejáveis,
passou a diluir cada vez mais os medicamentos, percebendo que obtinha melhores
resultados quando eram também agitados. Foi assim que chegou às doses
infinitesimais (extremamente diluídas) e dinamizadas.
Observou que à medida em que a
massa ia sendo diluída, mais energia as substâncias pareciam desprender pelo
processo de agitação. Não era a quantidade de substância que importava, ao
contrário, quanto menor a quantidade presente e quanto mais agitada era a
diluição, maior potencial de energia curativa possuíam. Portanto, o medicamento
homeopático é uma forma de energia que atua sobre a Energia Vital dos seres
vivos. A dose diminuta prescrita pelo homeopata, não é mera diluição ou
atenuação da droga forte. Ela é o que se chama potência, isto é, algo que
possui poder.
Medicamento Único
Hahnemann recomendava o uso de
apenas um medicamento de cada vez, ou seja, o medicamento que contivesse o
maior número de sintomas que o paciente apresenta.
Existem divergências, como em
todas as especialidades médicas e em todas as áreas do conhecimento humano,
entre as várias escolas homeopáticas em todo mundo. Todas têm suas razões e
ponderações.
Temos basicamente duas
tendências: a UNICISTA, que usa apenas um medicamento para tratar todos os
sintomas de um determinado paciente, e a PLURALISTA, que usa vários
medicamentos, um para cada grupo de sintomas do paciente, como é feito na
Alopatia.
Policrestos
Os medicamentos homeopáticos
podem ser divididos em policrestos e medicamentos menores, segundo a sua
patogenesia, que é a capacidade de provocar sintomas no indivíduo são. Os
policrestos são aqueles que produzem uma gama de sintomas patogenéticos maior e
mais acentuados do que os medicamentos menores. O termo policresto é formado
por duas palavras gregas: polys = muitos e khréstos= benéfico; e do latim
polycrestus = que têm muitas aplicações).
A confecção do medicamento
homeopático obedece as normas estabelecidas no país com o decreto n.º 57477-66,
que dispõe sobre a manipulação, receituário, industrialização e venda de
produtos industrializados em Homeopatia, portaria n.º 1180 de Agosto de 1997,
conforme resolução n.º 23 de 06/12/1999 da Agência de Vigilância Sanitária
Nacional (Farmacopéia Homeopática Brasileira).
Objetivo
Suspender o policresto Lycopodium clavatum armazenado em
tintura mãe até a potência de CH9.
Materiais e Métodos
Materiais
·
Água destilada
·
Álcool 70% e 30%
·
Frasco dinamizador
·
Frasco dispensador
·
2 Batoques (Um do tipo bola e um do tipo
gotejador)
·
Proveta
·
Dinamizador
·
Etiqueta
Métodos
Foi
utilizada tintura mãe de Lycopodium clavatum. Com um conta gotas retirou-se 6
gotas da tintura mãe, depositou-a na proveta e completou-se o volume até 30 mL
com álcool 70%, em seguida a solução foi vertida no frasco dinamizador, que foi
tampado com o batoque bola. O mesmo foi colocado no agitador, onde foi
dinamizado 100 vezes. O preparado obtido foi Lycopodium na potência de 1CH, que
foi acondicionada em um frasco dispensador, devidamente etiquetado e armazenado
no Laboratório de Farmacotécnica da UFVJM.
Com o
auxílio de um conta gotas adicionou-se seis gotas (aproximadamente 0,30mL) da
solução de estoque Lycopodium potência CH1 a uma proveta, e a esta adicionou-se
uma quantidade suficiente de água destilada para um volume de 30,00mL de forma
a obter uma solução na proporção de 1:100, em seguida verteu o conteúdo em um frasco
dinamizador fechado com batoque bola e dinamizou a solução com 100 sucções em
um dinamizador mecânico obtendo-se uma
potencia de CH2. Repetiu-se o procedimento até a obtenção de uma potência CH8.
Para a
obtenção da potência CH9 adicionou-se seis gotas (aproximadamente 0,30mL) da
solução de preparada de potência CH7 a uma proveta e a esta adicionou-se uma
quantidade suficiente de álcool cereal 30% para um volume de 30,00mL, veteu-se
eu um frasco dinamizador e fechou-o com um batoque bola. Dinamizou-se a solução
com 100 sucções em um dinamizador mecânico e em seguida o preparado foi vertido
em um frasco dispensador fechado com batoque gotejador e tampa roscável. O
mesmo foi etiquetado conforme preconiza literatura.
Conclusão
Aprendeu-se com a prática o processo de diluição e
dinamização para o preparo de substâncias homeopáticas.
Referencias
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeiabrasileira/arquivos/cp38_2010/xiii_bioterapicos_isoterapicos.pdf
http://www.diasdacruz.com.br/
Dutra, Verano Costa. Farmacotécnica
Homeopática. Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas. Rede de Tecnologia e
Inovação do Rio de Janeiro – REDETEC. Julho/2011.
Rocha, Alcione Geralda de
Alencar; et al. Cartilha de Homeopatia. Conselho Regional de Farmácia do Estado
de São Paulo - Setembro/2010
Neto, Ruy Madsen Barbosa.
Bases da Homeopatia. Liga de Homeopatia – Medicina Unicamp. Campinas. Janeiro
de 2006.
Adorei seu relatorio...
ResponderExcluir