UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO
JEQUITINHONHA E MUCURI
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
Departamento de Farmácia
Disciplina: Fundamentos e
Farmacotécnica Homeopática
Prof. Dra. Vanda B. R. Toth
Análise Espectrofotométricas
das Soluções Homeopáticas Chamomilla,
ACTH e E. coli nas Potências CH5, CH8
e CH12
Discentes:
Fernanda Soares Leite
Raquel Machado
Samanta Teixeira
Diamantina, 2013.
Introdução
Fundamentada em 1796 pelo médico alemão Samuel
Hahnemann, a homeopatia é um modelo terapêutico empregado mundialmente e que
vem despertando o interesse crescente de usuários, estudantes de medicina e
médicos1, por propiciar uma prática segura e eficiente, propondo-se
a compreender e tratar o binômio doente-doença segundo uma abordagem
antropológica globalizante e humanística, valorizando os diversos aspectos da
individualidade enferma2.
Reconhecida como especialidade médica pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM) desde 1980 (Resolução CFM 1000/80) e com título de
especialista conferido pela Associação Médica Brasileira (AMB) desde 1990, a
homeopatia desenvolve suas atividades de forma concomitante ao movimento
científico hegemônico, divulgando sua episteme em cursos de pós-graduação lato
senso (1.200 horas-aula) oferecidos por entidades formadoras vinculadas à
Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB)3.
Empregada como
opção terapêutica há mais de dois séculos em diversos países, a homeopatia
permanece marginalizada perante a racionalidade científica moderna, por estar
fundamentada em conceitos pouco ortodoxos (princípio da similitude,
experimentação no indivíduo sadio, medicamento dinamizado e medicamento
individualizado) que desafiam a racionalidade dominante. O modelo de tratamento
homeopático emprega o princípio de cura pela similitude, administrando doses
infinitesimais de substâncias que, ao terem sido experimentadas previamente em
indivíduos sadios, apresentaram sintomas semelhantes aos dos indivíduos
enfermos. Para se tornar um medicamento homeopático, a substância deve ser
submetida a protocolos específicos de experimentação em indivíduos humanos e
ter seus efeitos patogenéticos (mentais, gerais e particulares) descritos na
Matéria Médica Homeopática (MMH).
Considerando o
ser humano como uma entidade complexa, a concepção antropológica do modelo
homeopático atribui ao corpo biológico uma natureza dinâmica, na qual os
pensamentos e os sentimentos interagem com os sistemas orgânicos e suas funções
fisiológicas, tornando a individualidade mais ou menos suscetível aos diversos
agentes patogênicos. Resultante desta concepção psicossomática e globalizante
do processo de adoecimento humano, a semiologia homeopática valoriza os
múltiplos aspectos do enfermo, compondo um quadro sintomático que englobe as
características peculiares das diversas esferas humanas (biológica, psíquica,
social e espiritual) para realizar o diagnóstico medicamentoso
“individualizado”4.
A elaboração dos
preparados homeopáticos é feito via dissoluções/sucções sucessivas. O preparado
homeopático torna-se medicamento homeopático após ser submetido à
experimentação de acordo com o protocolo. Na elaboração utilizam-se substâncias
de origem, animal, mineral, vegetal e até produtos da indústria além de micro-organismos.
No Brasil, o preparo obedece a normas precisas e definidas pela Farmacopeia
Homeopática Brasileira, oficializada pelo Governo Federal no Decreto nº 78.841,
de 25 de novembro de 1976, sendo revista em 1977 pelo Ministério da Saúde e em
2010 foi publicada a segunda edição com modificações feitas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)5.
Embora os efeitos terapêuticos
proporcionados pelos medicamentos homeopáticos sejam evidenciados na clínica e
em inúmeros trabalhos científicos, a sua dinâmica no homem ou nos animais é
ainda desconhecida. Sabe-se que a força do medicamento está na desconcentração
da matéria prima que lhe dá origem, de acordo com uma farmacotécnica própria
(FONTES, 2005)6.
Segundo alguns
autores, o conceito farmacológico de dose, como a quantidade de medicamento que
um paciente deve ingerir para modificar seu estado de enfermidade, não se
adapta à homeopatia, pois o medicamento homeopático não age pela sua massa, mas
sim por seu efeito dinâmico (qualitativo) que se prolonga mais ou menos no
tempo em função do poder de reação ou sensibilidade do organismo enfermo
(KOSSAK-ROMANACH, 1984; EIZAYAGA, 1992; ORTEGA, 1994)7,8,9. Nesse
sentido, importa o grau de dinamização (a potência medicamentosa) e a frequência
de administração do medicamento escolhido de acordo com a lei dos semelhantes.
Diante dessas
informações, os métodos de análise quantitativos atualmente preconizados seriam
ineficazes na comprovação científica da homeopatia, pois não apresentam uma
sensibilidade capaz de quantificar a presença de substâncias no preparado
homeopático,alem de como já citado anteriormente, o medicamento homeopático não
agir pela sua massa, mas sim por seu efeito dinâmico (qualitativo).
Entretanto,
estudos recentes, empregando métodos ultra-sensíveis (microscopia eletrônica de
transmissão, difração de elétrons e espectrometria de emissão atômica),
demonstraram a existência de nanopartículas nas ultradiluições homeopáticas,
sugerindo que essas partículas infinitesimais podem estar relacionadas à
atividade das preparações homeopáticas10.
Atualmente,
algumas hipóteses fundamentadas em modelos experimentais físico-químicos buscam
uma explicação científica para o fenômeno da transmissão da informação dos
efeitos primários das substâncias através destas doses infinitesimais. Dentre
elas, citamos as pesquisas que estudam as modificações de natureza
eletromagnética da água segundo a “eletrodinâmica quântica”, na qual a matéria
não representaria um aglomerado inerte de moléculas e sim um meio dinâmico,
capaz de selecionar e catalisar as reações moleculares de acordo com os
diversos campos eletromagnéticos que ocorrem em seu interior.
Através de
modelos matemáticos e experimentais, sugere-se que o campo eletromagnético de
qualquer soluto pode gerar certos “domínios de coerência estável” no solvente
(com estruturas e vibrações específicas), produzindo aglomerados ou “clusters”
de moléculas de água (com tamanho e geometria próprios), como uma “assinatura
eletromagnética da substância na água” (“memória da água”). Assim sendo, a
organização da água seria um processo coerente, reprodutível e associado a
interações eletromagnéticas de longo alcance e baixíssima intensidade,
transmitindo repetitivamente a informação eletromagnética do soluto inicialmente
diluído e sucussionado pelo processo da dinamização homeopática.
Espectrofotometria-UV
As aplicações dos
métodos quantitativos de absorção ultravioleta/visível são utilizadas em todos
os campos nos quais informações químicas quantitativas sejam necessárias. No
campo da saúde, 95% de todas as determinações quantitativas são feitas por
espectrometria de ultravioleta/visível.
A
espectrofotometria é o método de análise óptico mais usado nas investigações
biológicas e fisico-químicas. O espectrofotômetro é um instrumento que permite
comparar a radiação absorvida ou transmitida por uma solução que contém uma
quantidade desconhecida de soluto, e uma quantidade conhecida da mesma
substância. Todas as substâncias podem absorver energia radiante, mesmo o vidro
que parece completamente transparente absorve comprimentos de ondas que
pertencem ao espectro visível. A água absorve fortemente na região do
infravermelho. A absorção das radiações ultravioletas, visíveis e
infravermelhas depende das estruturas das moléculas, e é característica para
cada substância química.
Quando a luz
atravessa uma substância, parte da energia é absorvida: a energia radiante não
pode produzir nenhum efeito sem ser absorvida. A cor das substâncias se deve a
absorção de certos comprimentos de ondas da luz branca que incide sobre elas,
deixando transmitir aos nossos olhos apenas aqueles comprimentos de ondas não
absorvidos. O instrumento usado na espectroscopia UV é chamado de
espectrofotômetro. Para se obter informação sobre a absorção de uma amostra,
ela é inserida no caminho óptico do aparelho. Então, luz UV e/ou visível em
certo comprimento de onda (ou uma faixa de comprimentos de ondas) é passada
pela amostra. O espectrofotômetro mede o quanto de luz foi absorvida pela
amostra.
Nas aplicações
espectrofotométricas, quando se usa energia monocromática em um simples
comprimento de onda (λ), a fração de radiação absorvida pela solução, ignorando
perdas por reflexão, será função da concentração da solução e da espessura da
solução. Portanto, a quantidade de energia transmitida diminui exponencialmente
com o aumento da espessura atravessada – Lei de Lambert – e o aumento da
concentração ou da intensidade de cor da solução – Lei de Beer. A relação entre
energia emergente (I) e energia incidente (I0) indica a transmitância (T) da
solução. Em espectrofotometria, utiliza-se a absorbância (A) como a intensidade
de radiação absorvida pela solução, seguindo as leis de Lambert-Beer.
A determinação de
concentração de um soluto em uma solução-problema por espectrofotometria
envolve a comparação da absorbância da solução-problema com uma solução de
referência, na qual já se conhece a concentração do soluto. Em geral, é
utilizada uma solução-padrão com diferentes concentrações (pontos), que tem sua
absorbância determinada. Esses pontos são preparados diluindo-se a
solução-padrão na proporção necessária para a obtenção das concentrações
desejadas.
Com os valores de
absorbância e de concentração conhecidos, pode-se traçar um gráfico cujo perfil
é conhecido como “curva-padrão”. Nesse gráfico, a reta, indica a
proporcionalidade entre o aumento da concentração e da absorbância e a porção
linear correspondente ao limite de sensibilidade do método espectrofotométrico
para o soluto em questão.
Segundo a equação
de Beer demonstrada abaixo, obtemos a concentração da amostra em função da sua
absorbância.
A = ε.b.c
Onde, A é
absorbância (sem unidades, pois A = log10 P0 / P), ε é
a absorbitividade molar em unidades de L.mol-1.cm-1, b é o comprimento do
caminho da amostra, isto é, o comprimento do caminho que a luz tem que
atravessar na cuba ou qualquer recipiente onde esteja a solução (em cm), e
c é a concentração do elemento que absorve, na solução, expressado
em mol/L-1.
Objetivo
Analisar
quantitativamente através de espctrofotometria-UV a relação Potência (dada em
Centesimais Hansenianos) e Absorbância de três diferentes medicamentos
homeopáticos (chamomilla, ACTH , e E.coli) nas dinamizações CH5, CH8 e CH12,
verificando através do comportamento de cada amostra se há ou não alterações
entre as diferentes potências de uma mesma substância, e entre diferentes
substâncias.
Materiais e Métodos
Materiais
·Água destilada;
·
Solução de Álcool Cereal em Água a 30%
·
4 cubetas;
·
Papel para limpeza das cubetas;
·
Conta-gotas;
·
3 amostras de preparações homeopáticas
(chamomilla CH5, ACTH CH5, E. coli CH5);
·
Espectrofotômetro-UV;
·
Dinamizador.
Métodos
Foram utilizadas
soluções de estoque na potência CH5 das substâncias Chamomilla, ACTH e E. coli.
A partir destas soluções foram preparadas amostras nas potências CH8 e CH12 da
seguinte maneira:
Com o auxílio de
um conta gotas adicionou-se seis gotas (aproximadamente 0,30mL) da solução de
estoque de potência CH5 a uma quantidade suficiente de água destilada para um
volume de 30,00mL de forma a obter uma solução na proporção de 1:100, em
seguida dinamizou-se a solução com 100 sucções em um dinamizador mecânico obtendo-se uma potencia de CH6. Repetiu-se o
procedimento para a obtenção de uma potência CH7.
Para a obtenção
da potência CH8 adicionou-se seis gotas (aproximadamente 0,30mL) da solução de
preparada de potência CH7 a uma quantidade suficiente de álcool cereal 30% para
um volume de 30,00mL de forma a obter uma solução na proporção de 1:100, em seguida
dinamizou-se a solução com 100 sucções em um dinamizador mecânico.
Para a obtenção
das potências CH9, CH10 e CH11 repetiu-se o procedimento anterior utilizando
como solvente a água destilada, enquanto que para a potência CH12 utilizou-se
como solvente o álcool cereal 30%.
O procedimento de
diluição é ilustrado na figura 1.
Fig. 1.
Diluições seguidas de Dinamização conforme Metodologia Hanemaniana.
Após o preparo das
soluções homeopáticas, foram utilizadas como amostra para a análise de
absorbância as soluções de Chamomilla, ACTH e E. coli nas potências CH5, CH8 e
CH12.
A medida das
absorbâncias foi realizada conforme a metodologia a seguir.
Calibrou-se o
aparelho com água destilada, ajustando-se 100% de transmitância e 0% de
absorbância em um comprimento de onda de livre escolha (400nm).
Calibrou-se novamente o aparelho com
água destilada, ajustando 0% de absorbância, no comprimento de onda de 580nm
para a obtenção do Branco.
Prosseguiu-se o
experimento fazendo leitura da absorbância das amostras Chamomilla CH5, Chamomilla
CH8, Chamomilla CH12, ACTH CH5, ACTH CH8, ACTH CH12, E.coli CH5, E.coli CH8,
E.coli CH12 no comprimento de onda de 580nm. Todos os valores foram anotados
para posterior análise.
Resultados
Os resultados
obtidos estão expostos através da Tabela 1, e dos Gráficos 1, 2 e 3.
Tabela 1.
Absorbância (%) das amostras de Chamomilla, ACTH e E.coli em diferentes
dinamizações.
Amostra
|
CH5
|
CH8
|
CH12
|
Chamomilla
|
0,004
|
0,005
|
0,004
|
ACTH
|
0,006
|
0,007
|
0,007
|
E.coli
|
0,004
|
0,005
|
0,007
|
Branco
|
0,000
|
|
|
Gráfico
1. Absorbância em Função da Potência de Solução Homeopática de Chamomilla em
Diferentes Potências.
Gráfico
2. Absorbância em Função da Potência de Solução Homeopática de ACTH em
Diferentes Potências.
Gráfico
3. Absorbância em Função da Potência de Solução Homeopática de E.coli em
Diferentes Potências.
Discussão e Conclusão
Os resultados obtidos
nos revelam um comportamento semelhante na solução de Chamomilla para as potências CH5 (0,004) e CH12 (0,004) enquanto
que o resultado da potência CH8 (0,005) foi diferente destas.
Na solução de
ACTH observamos uma diferença do comportamento da potência CH5 (0,006) em
relação às potências CH8 e CH12, sendo que essas duas últimas quando comparadas
entre si apresentam mesmo comportamento com absorbância de 0,007.
Nos valores
obtidos para a solução de E.coli foram
observados um comportamento diferente entre as potências CH5, C8 e CH12 que
obtiveram os respectivos valores de absorbância 0,004, 0,005, 0,007.
Podemos ainda
verificar resultados semelhantes entre as potências CH5 da solução de Chamomilla e CH5 da solução de E.coli (ambas com absorbância de 0,004),
bem como sobre a semelhança entre os valores de CH8 observados nessas mesmas
soluções (Chamomilla e E.coli CH8 têm absorbância de 0,005). E
o comportamento das potências CH8 e CH12 da solução de ACTH (0,007) é
semelhante ao da potência CH12 de E.coli (0,007).
Apesar das
discordâncias e semelhanças, entre os valores encontrados entre as diferentes
potências derivadas de uma mesma substância, e entre as potências de diferentes
substâncias, não conseguimos observar um padrão de comportamento típico para as
substâncias homeopáticas. No entanto há de ser observados que existem
diferenças, que apesar de mínimas são altamente representativas no campo da
homeopatia, o que prova cientificamente que há diferença entre o padrão fixo de
absorbância da água e os resultados experimentais obtidos dos preparados homeopáticos.
Com relação aos
valores de semelhança observados nas absorbâncias dentro dos grupos de mesma
substância base, mas, potências diferentes, e entre os grupos de substâncias
base diferentes há a necessidade de realização de experimentos com equipamentos
mais sensíveis para inferir se as modificações de natureza eletromagnética da
água nestas substâncias foram também semelhantes e geraram os mesmos “domínios
de coerência estável”.
Com isso
concluímos que o método de espectrofotometria apesar de não apresentar uma
sensibilidade capaz de nos fornecer informações sobre as modificações de natureza
eletromagnética da água, o mesmo é capaz de demonstrar a existência de uma
diferença entre o padrão fixo de absorbância da água e os valores de
absorbância variantes das substâncias homeopáticas.
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