terça-feira, 30 de julho de 2013

Prática de Homeopatia: Policrestos: Lycopodium clavatum. Discente: Fernanda S. Leite


Preparação de Solução de Lycopodium clavatum na Potência de CH9

Introdução
Segundo a OMS, saúde é “um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Desde a Assembleia Mundial de Saúde de 1983, a inclusão de uma dimensão “não material” ou “espiritual” de saúde vem sendo discutida extensamente, a ponto de haver uma proposta para se modificar o conceito clássico de “saúde” da Organização Mundial de Saúde para “um estado dinâmico de completo bem estar físico, mental, espiritual e social e não meramente a ausência de doença”.
(WHO/MAS/MHP/98.2.15)

A medicina complementar e alternativa é definida como uma terapêutica não alopática, não convencional, holística ou natural. O Cochrane Colaboration define a MCA como “um grande conjunto de recursos curativos que engloba todos os sistemas de saúde, modalidades práticas e suas teorias e credos, outras que não intrínsecas ao sistema de saúde politicamente dominante, em uma sociedade particular ou cultura em um período histórico definido (IAPO, 2010). São diversos os modelos terapêuticos complementares ou alternativos entre os quais se inserem a Homeopatia, a Naturopatia (no sentido da utilização de recursos naturais, como as plantas medicinais), a Medicina Antroposófica, a Medicina Tradicional Chinesa, a Acupuntura, a Homotoxicologia, etc. Alguns desses modelos terapêuticos têm em comum a ênfase no doente como um todo, mais do que na doença propriamente, sem, no entanto, ignorá-la.

Na Homeopatia, considera-se a doença como a expressão de um desequilíbrio, que se manifesta na região mais suscetível, pela predisposição do organismo. Considera-se que este desequilíbrio não é apenas físico e, por isso, a homeopatia busca rearticular a esfera biológica aos campos diversos que constituem a existência humana. Alinhando a subjetividade às suas práticas, aproxima-se do pensamento antropológico, pois relaciona o adoecimento a uma multiplicidade de causas que não são fixas, mas suscetíveis a mudanças.

Histórico
Antecessores da Homeopatia

Hipocrates:
I - Principio dos contrários (Contraria contraria curantur): a terapêutica é dirigida contra o agente causal e se sustenta no fundamento: desaparecida a causa, suprime-se o efeito. Pode ser usada quando se conhece a causa da doença.

II - Lei da semelhança (Similibus similia curantur): a cura deve proceder de forma semelhante
ao que ocorre na natureza, sejam os semelhantes curados pelos semelhantes

III - Vix medicatrix: força de cura natural, a defesa do organismo.

Galeno:

- Baseou sua terapêutica na teoria dos contrários.
- Afirmava ser a doença um desequilíbrio dos humores do organismo (sangue, bílis, pituita e astrabilis) e que cabia à terapêutica restabelecê-lo.
- Desta forma de pensamento terapêutico originaram-se práticas como as sangrias, as purgações e a polifarmácia.


Paracelso:

-Estudo da natureza, a individualização do doente, e a individualização do remédio (não só do medicamento).
-A Lei das Assinaturas é o pensamento que vê similitudes, por exemplo, entre uma planta medicinal e o mal ou o órgão de que ela se destina a tratar. Segundo Paracelso, a planta carrega a assinatura de sua função curativa.
-Exemplos: 1) Beladona - é possível ver na baga negra e redonda da beladona a “assinatura” de uma pupila dilatada sugerindo sua função de dilatar a pupila; 2) A planta que denominamos “pulmonária” e cuja infusão acalma a tosse tem folhas em forma de pulmão de açougue; 3) a hepática tem uma folha em forma de fígado; 4) o suco da grande celidônia utilizada para as perturbações das vias biliares é amarela e amarga como a bílis.

Christian Friedrich Samuel Hahnemann:

Após traduzir um texto do Dr. CULLEN sobre a Quina (droga usada contra a malária), Hahnemann discorda das explicações fornecidas pelo autor e decide experimentar em si mesmo a substância. Percebe, então, o surgimento de sintomas semelhantes aos da malária, restabelecendo sua saúde ao parar de ingerir a droga. Formula a hipótese de que a Quina promove melhora dos sintomas dos doentes com Malária porque provoca, em pessoas saudáveis, sintomas semelhantes aos da Malária. Hahnemann sabia que essa hipótese não era dele, Hipócrates e vários outros autores já haviam sugerido que os semelhantes curam os semelhantes. Porém, coube a Hahnemann a comprovação e a sistematização dessa lei de cura. Decide experimentar, em diversas pessoas saudáveis, várias substâncias conhecidas pela medicina da época. Os resultados dessas primeiras pesquisas foram publicados em 1796 num texto chamado de “Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as virtudes curativas das substâncias medicinais, seguido de alguns comentários a respeito dos princípios aceitos na época atual”. Esse texto marca o nascimento do sistema médico que Hahnemann denominou Homeopatia (em alemão: homoopathie, do grego: homoios- semelhante + pathos- sofrimento).

Leis da Homeopatia

1)      Lei dos semelhantes
2)      Experimentação no Homem são
3)      Doses mínimas e dinamizadas
4)      Medicamento Único

Lei dos semelhantes

Hahnemann retomou o princípio da semelhança de Hipócrates (460 - 377 a.C.), quando realizou a primeira experiência com quinino em si mesmo e sentiu que havia encontrado a resposta à sua procura de uma arte de curar lógica e realmente eficaz e curativa. Realizou suas experiências com metodologia científica, obtendo resultados que podem ser reproduzidos quantas vezes se desejar.
Para melhor compreensão da diferença entre o princípio dos semelhantes e o princípio dos contrários vamos usar uma imagem criada pelo homeopata americano Dr. Herbert A. Roberts. Imaginemos um trem, representando a enfermidade, que corre a uma determinada velocidade. Para aniquilar essa enfermidade podemos enviar um trem em sentido contrário (medicamento alopático), ou podemos modificá-la enviando um trem no mesmo sentido (medicamento homeopático), mas numa velocidade maior e que, após encontrá-lo, imprime ao conjunto uma nova velocidade. É assim que age o medicamento homeopático: imprime à Energia Vital um padrão vibratório semelhante e mais forte que o preexistente.
Pela Lei dos Semelhantes, as substâncias existentes na natureza (de origem mineral, vegetal e animal) têm a potencialidade de curar os mesmos sintomas que são capazes de produzir. Exemplificando de uma maneira bem simples: se uma pessoa ingerir doses tóxicas de uma substância chamada Arsenicum album, irá apresentar sintomas tais como dores gástricas, vômitos e diarréia; se, por outro lado, dermos essa mesma substância, preparada homeopaticamente, a um enfermo que apresenta dores gástricas, vômitos e diarréia com características semelhantes àquelas causadas pela substância em questão, obteremos como resultado a cura desses sintomas.

Experimentação do Homem são

As experimentações com substâncias preparadas homeopaticamente, devem ser realizadas em homens sãos para que possam ser usados para curar homens doentes. Por que em homens sãos e não em animais? A doença se manifesta não só por sinais objetivos observáveis pelos sentidos, mas também por sintomas e sensações subjetivas. Não seria possível registrar completa e fielmente as sensações subjetivas de cães, ratos ou gatos, pois estes não poderiam comunicá-los durante as experimentações.
Não existem dois seres humanos exatamente iguais na saúde ou na doença; cada um tem sua individualidade, sua impressão digital. Poderiam os animais assemelharem-se aos seres humanos mais do que os próprios seres humanos entre si? Para tratamento dos animais ou das plantas usamos os resultados das experimentações nos seres humanos, por analogia de sintomas, até que sejam realizadas experimentações específicas para cada espécie.
As experimentações são realizadas pela administração de uma determinada substância a um grupo de indivíduos (chamados de experimentadores), considerados saudáveis após passarem por exames clínico e laboratorial, e que não sabem que substância estão experimentando. Em cada experimentação, os sintomas físicos, mentais, emocionais, as sensações e alterações no modo de ser e estar, de reagir e interagir com o meio, que vão surgindo nos experimentadores, vão sendo cuidadosamente anotados e, posteriormente, classificados e analisados, dando origem ao que chamamos de Patogenesia.

Doses mínimas e dinamizadas

No início de suas experiências, Hahnemann usava medicamentos diluídos, porém ainda contendo matéria. Com o tempo foi percebendo que essas diluições ainda eram suficientemente fortes para causarem, às vezes, sérias agravações quando os medicamentos eram administrados aos pacientes. Devido a essas reações indesejáveis, passou a diluir cada vez mais os medicamentos, percebendo que obtinha melhores resultados quando eram também agitados. Foi assim que chegou às doses infinitesimais (extremamente diluídas) e dinamizadas.
Observou que à medida em que a massa ia sendo diluída, mais energia as substâncias pareciam desprender pelo processo de agitação. Não era a quantidade de substância que importava, ao contrário, quanto menor a quantidade presente e quanto mais agitada era a diluição, maior potencial de energia curativa possuíam. Portanto, o medicamento homeopático é uma forma de energia que atua sobre a Energia Vital dos seres vivos. A dose diminuta prescrita pelo homeopata, não é mera diluição ou atenuação da droga forte. Ela é o que se chama potência, isto é, algo que possui poder.


Medicamento Único

Hahnemann recomendava o uso de apenas um medicamento de cada vez, ou seja, o medicamento que contivesse o maior número de sintomas que o paciente apresenta.
Existem divergências, como em todas as especialidades médicas e em todas as áreas do conhecimento humano, entre as várias escolas homeopáticas em todo mundo. Todas têm suas razões e ponderações.
Temos basicamente duas tendências: a UNICISTA, que usa apenas um medicamento para tratar todos os sintomas de um determinado paciente, e a PLURALISTA, que usa vários medicamentos, um para cada grupo de sintomas do paciente, como é feito na Alopatia.

Policrestos
Os medicamentos homeopáticos podem ser divididos em policrestos e medicamentos menores, segundo a sua patogenesia, que é a capacidade de provocar sintomas no indivíduo são. Os policrestos são aqueles que produzem uma gama de sintomas patogenéticos maior e mais acentuados do que os medicamentos menores. O termo policresto é formado por duas palavras gregas: polys = muitos e khréstos= benéfico; e do latim polycrestus = que têm muitas aplicações).

A confecção do medicamento homeopático obedece as normas estabelecidas no país com o decreto n.º 57477-66, que dispõe sobre a manipulação, receituário, industrialização e venda de produtos industrializados em Homeopatia, portaria n.º 1180 de Agosto de 1997, conforme resolução n.º 23 de 06/12/1999 da Agência de Vigilância Sanitária Nacional (Farmacopéia Homeopática Brasileira).  

Objetivo
Suspender o policresto Lycopodium clavatum armazenado em tintura mãe até a potência de CH9.

Materiais e Métodos

Materiais
·      Água destilada
·      Álcool 70% e 30%
·      Frasco dinamizador
·      Frasco dispensador
·      2 Batoques (Um do tipo bola e um do tipo gotejador)
·      Proveta
·      Dinamizador
·      Etiqueta

Métodos

Foi utilizada tintura mãe de Lycopodium clavatum. Com um conta gotas retirou-se 6 gotas da tintura mãe, depositou-a na proveta e completou-se o volume até 30 mL com álcool 70%, em seguida a solução foi vertida no frasco dinamizador, que foi tampado com o batoque bola. O mesmo foi colocado no agitador, onde foi dinamizado 100 vezes. O preparado obtido foi Lycopodium na potência de 1CH, que foi acondicionada em um frasco dispensador, devidamente etiquetado e armazenado no Laboratório de Farmacotécnica da UFVJM.
Com o auxílio de um conta gotas adicionou-se seis gotas (aproximadamente 0,30mL) da solução de estoque Lycopodium potência CH1 a uma proveta, e a esta adicionou-se uma quantidade suficiente de água destilada para um volume de 30,00mL de forma a obter uma solução na proporção de 1:100, em seguida verteu o conteúdo em um frasco dinamizador fechado com batoque bola e dinamizou a solução com 100 sucções em um dinamizador mecânico  obtendo-se uma potencia de CH2. Repetiu-se o procedimento até a obtenção de uma potência CH8.
Para a obtenção da potência CH9 adicionou-se seis gotas (aproximadamente 0,30mL) da solução de preparada de potência CH7 a uma proveta e a esta adicionou-se uma quantidade suficiente de álcool cereal 30% para um volume de 30,00mL, veteu-se eu um frasco dinamizador e fechou-o com um batoque bola. Dinamizou-se a solução com 100 sucções em um dinamizador mecânico e em seguida o preparado foi vertido em um frasco dispensador fechado com batoque gotejador e tampa roscável. O mesmo foi etiquetado conforme preconiza literatura.

Conclusão
Aprendeu-se com a prática o processo de diluição e dinamização para o preparo de substâncias homeopáticas.


Referencias
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeiabrasileira/arquivos/cp38_2010/xiii_bioterapicos_isoterapicos.pdf

http://www.diasdacruz.com.br/

Dutra, Verano Costa. Farmacotécnica Homeopática. Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas. Rede de Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro – REDETEC. Julho/2011.

Rocha, Alcione Geralda de Alencar; et al. Cartilha de Homeopatia. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo - Setembro/2010

Neto, Ruy Madsen Barbosa. Bases da Homeopatia. Liga de Homeopatia – Medicina Unicamp. Campinas. Janeiro de 2006.



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